19.7.07

Auto-retrato








































































Algumas faces.

Trabalho apresentado em 18/7/2007.

13.7.07

Buscando Caminhos

Eis os porquês do nome deste blog. Eis um pouco de minha essência.

Buscando caminhos, encontrei um poema. Literalmente. No cruzamento entre a avenida Paulista e a rua da Consolação. Estava lá, de verdade. Rompeu o asfalto, de verdade. Feia, mas realmente uma flor. E eu também estava lá. De verdade. Sentada no chão. Capturando a poesia. Literalmente. Com uma câmera-para-gravar-matérias-jornalísticas. Talvez a cena tenha rompido o tédio, o nojo, o ódio de alguém passando na rua, no ônibus, na vida. Talvez alguém tenha visto beleza em ver outro alguém extasiado com a beleza da flor feia que rompeu o asfalto. Talvez tenha passado em branco. Não faz mal: branco é invisível mistura de cores.

Foi um instante. De beleza e encantamento. E ouso dizer, de epifania. E uma seqüência de instantes análogos marcou um momento. (Entre matilha e esquadrilha, não encontrei o coletivo de instante; decidi que em minha crônica seria momento). E, envoltas em tal momento, não trabalhamos direito, não estudamos direito. E quando sentamos para conversar sobre isso, passou uma mulher, com uniforme de limpeza, carregando um balão laranja. Como uma menina. Dez da noite. No meio da faculdade. Quase uma fotografia. Eram a beleza e o encantamento, deixando claro que não dariam trégua. Mesmo que conspirássemos contra eles naquela conversa.

E tentamos. Porque o relógio do mundo não parou (previsível, nunca pára). Estávamos assim, meio fora do corpo. Um tanto afastados da superfície. O hemisfério esquerdo do meu cérebro (não do meu peito) sinalizou: "preciso descer". Não, eu não queria. Senti o mundo me puxando. Chorei. Percebi que não precisava de esforço para descer. Precisava de esforço para não descer totalmente. Para não perder as recém-readquiridas anteninhas de percepção da beleza, nem a capacidade de encantar-me com ela.

E há beleza. Disputando espaço com a miséria. De carne e espírito. Com a desigualdade, com a injustiça. Disputando espaço com o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Embora soubesse que não se encaixaria em uma teoria ou equação, tentei racionalizar o momento-clarice. (Entre colméia e alcatéia, não encontrei o coletivo de instante-epifânico; decidi que em minha crônica seria momento-clarice). Dentre algumas hipóteses, pensei que o mundo não nos tem propiciado tempo-espaço para a expressão da subjetividade. Para extravasar o tanto de alma que não cabe no corpo. E eu, que sempre busquei seguir por esse caminho, não sei bem como me perdi em meio à linearidade de uma pseudo-vida não-pseudo-burocrática sem intensidade, sem paixão. Seguindo toda-vida a estrada (de asfalto) em linha reta. E quando encontrei a flor, quando reencontrei a trilha, meu corpo foi atropelado. Por excitação, prazer, êxtase. De alma.

Em tal contexto, as relações entre pessoas que de alguma forma partilharam o momento - ou instantes dele - foram intensas. Expressas em linhas e entrelinhas. Pontos de exclamação, pontos de interrogação, reticências... Divagações, catarses, silêncios. Boas conversas, boas idéias, boas discussões. Algumas não tão boas, mas quase-invariavelmente intensas. E com a auto-censura um tanto distraída, por vezes fiquei desnuda. Sem me corar.

Nesse caminho há aproximação entre vida e arte. Incorporação do lúdico no cotidiano. Livre-expressão. Há paixão, há intensidade. Há flor, há poesia. E há luta. Contra o que no mundo impede a beleza de alcançar plenitude. Contra o que faz dos momentos de deslumbramento com a vida tão raros e efêmeros.

Complementos:

A flor e a náusea - Carlos Drummond de Andrade.
Sonho Impossível - J. Darion / M. Leigh - versão de Chico Buarque e Ruy Guerra para o musical O Homem de La Mancha, de Ruy Guerra.
Telepoemas - vídeo experimental que recebeu menção honrosa no Expocom 2005 - Rio de Janeiro.