10.2.11

Só de sacanagem

(Subindo um post de 2006 com pequenas alterações no primeiro parágrafo. Está dentre os posts não perecíveis deste blog.)

Num disco que por um tempo não saiu da minha vitrola, Ana Carolina lê o poema Só de sacanagem, escrito por Elisa Lucinda. Tal poema aborda a corrupção no país e tem um trecho assim:

Pois bem, se mexeram comigo,
com a velha e fiel fé do meu povo sofrido,
então agora eu vou sacanear:
mais honesta ainda eu vou ficar.
Só de sacanagem.

Eis minha versão, que muda a temática e a métrica, mas segue a lógica. Eis minha versão, que sintetiza os porquês das lágrimas da noite. Lágrimas que assisti pelo espelho, sendo atriz e espectadora. Sendo eu.

Sim, chorei. Mas vi beleza nos instantes em que as gotas saltavam dos olhos. Sim, choro. Mas vejo, percebo. Choro. Mas sinto. Melhor que gargalhar no vazio.

Pois bem, se não percebem - ou desprezam
as flores que nascem no asfalto,
as que coloco no cabelo,
e as que tento colocar no caminho,
então agora eu vou sacanear:
mais sensível ainda eu vou ficar.
Só de sacanagem.

Sim, agora eu vou sacanear:
mais poesia no mundo eu vou buscar
e mais poesia vou criar.
Só de sacanagem.

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