28.4.12

Ê boooi

Boi Marinho (Olinda) na festa do Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro (Brasília).

14.3.12

A poesia da vida me faz queimar o arroz.

18.11.11

Capitães da areia







17.10.11

Sobre chuva e Niemeyer



Teatro Nacional, Brasília.

8.10.11

Chuva

30.9.11

A dor de hoje

Nem falo dos que foram diretamente atingidos e possuem marcas visíveis. Mas de todos os outros, os que vieram depois. Como eu. Quem nasceu pós golpe de 64 já veio ao mundo com uma ferida por dentro, pronta pra doer a cada estímulo, a cada história sobre a ditadura militar.

Os anos de chumbo são só um exemplo, são tantas cicatrizes que somos remendo. Nas veias de um povo corre o sangue jorrado por seus antecessores. São marcas feitas pra doer, pra ninguém esquecer. Procure um médico quem nunca sentiu pulsar esse tipo de dor. A dor da escravidão, a dor da tortura, a dor de cada massacre e de cada horror.

* Depois de ver o filme Hoje, de Tata Amaral, no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

24.9.11

A dona da cena

Por estas bandas, a chuva não pode simplesmente cair, tem que estrear. Com a dramaticidade de uma ópera. Muda o céu, o ar, o vento, muda a energia. Não-sei-que-bicho aparece, não-sei-que-bicho anuncia. É uma cantora lírica de batom carmim, fica no camarim, só pisa no palco perfeito. O cenário, as luzes, o som. Tudo testado, passado e repassado; tudo faz crer que está na hora. Mas no palco ela não pisa. A água já está na boca, o público agoniza. E ela não pisa.

24.8.11

Cordel do Cerrado

Ê mar sem fim
Nem no Cerrado ele sai de mim
Difícil ficou foi pra Iemanjá
Que tem vir até aqui me cuidá
Mas é muita demanda, não dá pra só um
Ela conta co'ajuda de São Jorge Ogum
Difícil é a vida de um forasteiro
Só mesmo ao lado de um santo guerreiro

12.8.11

São João do Cerrado





Ceilândia - DF

8.8.11

Óia!



XXI Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros.

Desafino

Na manhã de segunda-feira, um vizinho tenta tocar Over the Rainbow no piano, ainda desafinando bastante. E eu me recosto à janela, tentando reconhecer o que é música, o que é nota solta que na brisa se esvai. Ele não me conhece e provavelmente sou a única plateia. A melodia cada vez mais confusa, as notas embaralhadas, o céu daquela cor de sempre, continuo parada. É que no peito dos desafinados, não, é que no meu peito também bate um coração.

Desafinado, por Tom e João.

13.7.11


Em São Paulo, flores que nascem no asfalto. Em Brasília, flores que nascem no seco. A essência da busca é a mesma.

8.5.11

Mareada de palavras, queria aprender a ler olhares.

3.5.11

Cultura no sentido centro-bairro

(Crônica de outubro de 2010)

Parque do Engenho/Metrô Paraíso, Jardim Maria Sampaio/Praça Ramos, Jardim Macedônia/Estação da Luz. Linhas de ônibus lotadas, em que cada centímetro quadrado era disputado a empurrões e cotoveladas em duas porções diárias: de manhã e no fim da tarde. Essas três – e mais algumas – me levavam do Campo Limpo, região sudoeste ou, conforme a classificação no mapa, extremo sul da cidade de São Paulo, à região central, mais especificamente à Avenida Paulista e à Avenida da Consolação, meus principais destinos por causa de estudo e trabalho.

A travessia para o centro era feita por um longo caminho quase em linha reta: Estrada do Campo Limpo, Av. Dr. Francisco Morato, Ponte e Av. Euzébio Matoso, Av. Rebouças e, enfim, Av. Paulista ou Av. da Consolação. Algumas linhas tinham outra rota, pegavam a Rua Butantã, o Largo de Pinheiros, a Teodoro Sampaio, a Dr. Arnaldo. Provavelmente, ter mais de uma opção de caminho era para não matar de tédio quem precisava se locomover todos os dias para a região central, medida importante, pois uma coisa é só estar de pé, esmagado e com falta de ar, outra coisa é estar de pé, esmagado, com falta de ar e entediado.

Segundo a pesquisa DNA Paulistano, do Datafolha (2008), 43% dos moradores do Campo Limpo utilizam ônibus para chegar ao trabalho. Mas lembrando de como eram aqueles ônibus de manhã, só posso acreditar que há alguma coisa errada na pesquisa, e olha que nem é pesquisa eleitoral.

Bem, mas o leitor pode argumentar que esta crônica deveria ser sobre cultura, e não sobre transporte público. Então vamos aos dados: em 2009 havia 16 salas de cinema na subprefeitura do Campo Limpo, até 2006 eram 11 e antes de construírem um shopping provavelmente não tinha nenhuma. Enquanto isso, na subprefeitura da Sé em 2009 eram 53 salas, na de Pinheiros 45 e na da Vila Mariana 19. Em 2006 eram respectivamente 54, 35 e 19 salas nessas regiões. Lembrando que a Av. Paulista (e região) é loteada por essas três subprefeituras.

Quanto a centros culturais e salas de cultura, em 2006 não havia nenhuma unidade no Campo Limpo e em 2009 passou a ter uma, contra 22 na subprefeitura da Sé, 14 na de Pinheiros e 6 na da Vila Mariana. Acho que esses dados já bastam, nem preciso citar os de teatros, museus e casas de shows. Mas se o leitor se interessar, pode acessar o Observatório Cidadão Nossa São Paulo e conferir a diferença ponto a ponto.

Deu pra entender a relação entre transporte e cultura para um morador do Campo Limpo, não deu? As linhas que me levavam para o trabalho eram as mesmas que me levavam à oferta cultural de São Paulo, especialmente aos cinemas Belas Artes, Espaço Unibanco e Cinesesc, ao Teatro da Fiesp, ao Itaú Cultural, ao Centro Cultural Vergueiro, ao Tusp e a algumas unidades do Sesc. Para chegar ao Memorial da América Latina era preciso pegar outro ônibus, Barra Funda/Jardim Helga, o mais desconfortável de todos.

Com o passar do tempo, depois de entrar para um grupo de teatro no Taboão da Serra (cidade colada ao Campo Limpo), fui descobrindo que não era só nas regiões centrais que havia programação cultural interessante. Percebi que dava para descer do ônibus antes ou seguir pelo sentido contrário, mais para o extremo sul. E em alguns lugares dava até para ir a pé.

Foi uma experiência transformadora. Descobri que existe uma rede de artistas da periferia de São Paulo e de Taboão da Serra que se encontra em lugares como o Sarau da Cooperifa, o Sarau do Binho, o Espaço Clariô de Cultura, o Bar do Mucho e tantos outros espaços que não entram nas estatísticas da cidade. Uma rede de rappers, grupos de teatro, poetas, músicos que produzem cultura ali mesmo, no extremo sul. E que conseguem fazer com que as pessoas peguem o caminho contrário ao usual: do centro para o bairro, do centro para a periferia.

Hoje, as linhas de ônibus citadas já não existem, foram substituídas por outras, ainda lotadas. Eu já não moro no Campo Limpo, já não frequento muito os espaços culturais do extremo sul e meu principal meio de transporte é o metrô. Mas as redes de cultura da periferia seguem firme, se fortalecem. Não são só passado, são presente, são futuro.

25.4.11

Da série anedotas do cerrado - nº 3

Passando as compras no caixa de um supermercado de bairro. De bairro não, de superquadra. Um supermercado de superquadra.
O alface, a manga, o limão.
- Quando um homem usa anel no dedo, ele é compromissado, né?
- Oi?
A operadora do caixa repete a pergunta. E já que a mãe da moça nunca conversara com ela sobre "esses assuntos", Mariana Raphael explica a simbologia das alianças. Mão direita, mão esquerda, dourada, prateada... Até menciona que homens podem usar outros tipos de anel, mas passa corrido por esse ponto pra não iludir a moça.
O suco de uva, o chá verde, o pão.
- Na esquerda então é casado...
- É (entonação "sinto muito, mas é").
A conta, o cartão.
- É sempre bom olhar as mãos, né?
- É.
Mariana analisa se deve aprofundar o tema e deixar a moça ainda mais ressabiada. Como era uma conversa séria, de mulher pra mulher, decide ser franca:
- Mas não é só isso, tem homens que não usam aliança e também são comprometidos.
A moça suspira. A nota, o desabafo:
- Os homens são sacanas. Às vezes, mesmo compromissados, eles dão em cima.
- É.
Silêncio, sacola, despedida. Mariana queria lhe explicar mais coisas sobre a vida. Mas não dava, tinha gente na fila.

15.4.11

Da série anedotas do cerrado

Quando se está numa faixa de pedestres sem farol em Brasília, os carros param pra você passar. Isso consta no Código de Trânsito Brasileiro, mas em São Paulo ninguém nunca leu tal artigo. Voltando ao planalto central, na faixa tem uma placa dizendo: "Pedestre, dê sinal de vida". Pelo jeito, só andar não deve ser um sinal de vida, mas ainda não consegui descobrir se devo dar um tchauzinho, uma dançadinha, um duplo twist carpado ou fazer algum outro tipo de performance na hora de atravessar. O que tenho feito é atravessar com um certo remelexo no corpo, um gingado que eu queria ter mas não tenho, requebrando a cintura, o quadril e as sacolas. Algo do tipo "Morena D'Angola que leva um chocalho amarrado nas canelas". É, acho que dá a impressão de que estou viva. Pelo menos nenhum carro me atropelou ainda.

***

Flanando em Brasília e falando sozinha.
- E aqui, o que será que é?
- Não sei... Mas tem índios... (entonação de criança surpresa contando um segredo).
Era a sede da Funai.

11.4.11

Para mim, escrever é uma brincadeira. Mas não qualquer brincadeira, é um cabo de guerra. De um lado o prazer, de outro a dor. A corda sou eu. Puxada e repuxada, me vingo nas palavras. A corda sou eu. Sou eu quem acorda as palavras adormecidas no silêncio da página em branco. E puxa, repuxa, enfileira, empurra, descarta, resgata, tortura - até a exaustão. Escrever, para mim, é uma brincadeira. Sádica, masoquista; não qualquer brincadeira.

21.3.11




Eu gosto é de sonho, de nuvem, de brisa. Eu gosto de andar suspensa no ar. Mas se devo manter os pés no chão - então - eu gosto assim. Com terra, com vida. Se é pra pisar, eu piso inteira. Pés sujos de aventura, pés levantando poeira.

14.3.11

A vida é poesia. Sem métrica. Sem rima.

Buscando caminhos

Aproveito o Dia da Poesia (14/3) para subir mais um post não perecível deste blog. O post é de 2007, mas o texto é de 2005. Subi também o comentário do meu amigo Sandro, que não poderia ficar pra trás.

***

Eis os porquês do nome deste blog. Eis um pouco de minha essência.

Buscando caminhos, encontrei um poema. Literalmente. No cruzamento entre a avenida Paulista e a rua da Consolação. Estava lá, de verdade. Rompeu o asfalto, de verdade. Feia, mas realmente uma flor. E eu também estava lá. De verdade. Sentada no chão. Capturando a poesia. Literalmente. Com uma câmera-para-gravar-matérias-jornalísticas. Talvez a cena tenha rompido o tédio, o nojo, o ódio de alguém passando na rua, no ônibus, na vida. Talvez alguém tenha visto beleza em ver outro alguém extasiado com a beleza da flor feia que rompeu o asfalto. Talvez tenha passado em branco. Não faz mal: branco é invisível mistura de cores.

Foi um instante. De beleza e encantamento. E ouso dizer, de epifania. E uma seqüência de instantes análogos marcou um momento. (Entre matilha e esquadrilha, não encontrei o coletivo de instante; decidi que em minha crônica seria momento). E, envoltas em tal momento, não trabalhamos direito, não estudamos direito. E quando sentamos para conversar sobre isso, passou uma mulher, com uniforme de limpeza, carregando um balão laranja. Como uma menina. Dez da noite. No meio da faculdade. Quase uma fotografia. Eram a beleza e o encantamento, deixando claro que não dariam trégua. Mesmo que conspirássemos contra eles naquela conversa.

E tentamos. Porque o relógio do mundo não parou (previsível, nunca pára). Estávamos assim, meio fora do corpo. Um tanto afastados da superfície. O hemisfério esquerdo do meu cérebro (não do meu peito) sinalizou: "preciso descer". Não, eu não queria. Senti o mundo me puxando. Chorei. Percebi que não precisava de esforço para descer. Precisava de esforço para não descer totalmente. Para não perder as recém-readquiridas anteninhas de percepção da beleza, nem a capacidade de encantar-me com ela.

E há beleza. Disputando espaço com a miséria. De carne e espírito. Com a desigualdade, com a injustiça. Disputando espaço com o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Embora soubesse que não se encaixaria em uma teoria ou equação, tentei racionalizar o momento-clarice. (Entre colméia e alcatéia, não encontrei o coletivo de instante-epifânico; decidi que em minha crônica seria momento-clarice). Dentre algumas hipóteses, pensei que o mundo não nos tem propiciado tempo-espaço para a expressão da subjetividade. Para extravasar o tanto de alma que não cabe no corpo. E eu, que sempre busquei seguir por esse caminho, não sei bem como me perdi em meio à linearidade de uma pseudo-vida não-pseudo-burocrática sem intensidade, sem paixão. Seguindo toda-vida a estrada (de asfalto) em linha reta. E quando encontrei a flor, quando reencontrei a trilha, meu corpo foi atropelado. Por excitação, prazer, êxtase. De alma.

Em tal contexto, as relações entre pessoas que de alguma forma partilharam o momento - ou instantes dele - foram intensas. Expressas em linhas e entrelinhas. Pontos de exclamação, pontos de interrogação, reticências... Divagações, catarses, silêncios. Boas conversas, boas idéias, boas discussões. Algumas não tão boas, mas quase-invariavelmente intensas. E com a auto-censura um tanto distraída, por vezes fiquei desnuda. Sem me corar.

Nesse caminho há aproximação entre vida e arte. Incorporação do lúdico no cotidiano. Livre-expressão. Há paixão, há intensidade. Há flor, há poesia. E há luta. Contra o que no mundo impede a beleza de alcançar plenitude. Contra o que faz dos momentos de deslumbramento com a vida tão raros e efêmeros.

Complementos:

A flor e a náusea - Carlos Drummond de Andrade.
Sonho Impossível - J. Darion / M. Leigh - versão de Chico Buarque e Ruy Guerra para o musical O Homem de La Mancha, de Ruy Guerra.
Telepoemas - vídeo experimental que recebeu menção honrosa no Expocom 2005 - Rio de Janeiro.

24.2.11

Regresso. Avesso.

Estava por perto e decidi entrar. Algo me puxara àquele ambiente estranho tão conhecido. Na breve caminhada, um misto de nostalgia e indiferença, como se fosse possível a coexistência pacífica entre elas. Tentei compor um clipe mental de lembranças boas, mas não ficou muito convincente. E não sei explicar por que; há incontáveis lembranças boas escondidas naqueles caminhos.

Procurei um rosto familiar. E encontrei, mas não me senti tão bem recebida, apesar de um tímido “Bom te ver”. Desisti dos rostos alheios e olhei o meu, num mesmo espelho em que costumava me olhar. Busquei diferenças marcantes entre o rosto de agora e o de tempos atrás. Em vão; aos meus olhos acostumados, pareço a mesma. Mas não sou, nem poderia ser. Espelhos não refletem o que mais muda dos quase vinte aos quase trinta. Espelhos não refletem o avesso.

15.2.11

Imprudência

Algumas palavras não devem nascer; não devem irromper. A gente sabe. Buracos são buracos, não esconderijos. E a gente sabe. Mas a gente diz, a gente se enfia. Alguns campos são minados. E a gente pisa.

10.2.11

Só de sacanagem

(Subindo um post de 2006 com pequenas alterações no primeiro parágrafo. Está dentre os posts não perecíveis deste blog.)

Num disco que por um tempo não saiu da minha vitrola, Ana Carolina lê o poema Só de sacanagem, escrito por Elisa Lucinda. Tal poema aborda a corrupção no país e tem um trecho assim:

Pois bem, se mexeram comigo,
com a velha e fiel fé do meu povo sofrido,
então agora eu vou sacanear:
mais honesta ainda eu vou ficar.
Só de sacanagem.

Eis minha versão, que muda a temática e a métrica, mas segue a lógica. Eis minha versão, que sintetiza os porquês das lágrimas da noite. Lágrimas que assisti pelo espelho, sendo atriz e espectadora. Sendo eu.

Sim, chorei. Mas vi beleza nos instantes em que as gotas saltavam dos olhos. Sim, choro. Mas vejo, percebo. Choro. Mas sinto. Melhor que gargalhar no vazio.

Pois bem, se não percebem - ou desprezam
as flores que nascem no asfalto,
as que coloco no cabelo,
e as que tento colocar no caminho,
então agora eu vou sacanear:
mais sensível ainda eu vou ficar.
Só de sacanagem.

Sim, agora eu vou sacanear:
mais poesia no mundo eu vou buscar
e mais poesia vou criar.
Só de sacanagem.

9.2.11

Tinha um menino dito especial no meu vagão, com alguma síndrome que eu não soube identificar. O que ele fazia de diferente era interagir com as pessoas e sorrir sem parar, em meio às carrancas típicas do horário, típicas da cidade. O incômodo era nítido. Ficou claro que havia algo errado, muito errado. Não no menino.

2.2.11

Alvorada


Meu dia começou assim. Eu sabia que era poluição, mas meus olhos não. Pensaram que era poesia.

15.1.11

Adieu

A gente ainda tinha muita coisa pra viver, mas veio a hora da despedida. Ela saiu do metrô, fingindo que estava tudo bem. E eu fiquei, fingindo também.

7.1.11

Vou-me embora



Que tenha um quê de Parságada. Que eu encontre poesia.

6.1.11

O filme

Perdi o fôlego e as palavras. E as luzes da metrópole ofuscando a visão, como no filme. Quando o momento teve uma quebra brechtiniana: “Vocês são muito estranhos”. Risos. Eu queria - precisava - andar, e beber. Mas entrei no metrô. Fim.

7.1.10

Sem glamour


Cidade-esfinge


22.3.09

Eternamente, Yolanda

11.2.09

Cada um na sua


9.2.09

Cultura popular em foco

Banda "Estrambelhados", São Luiz do Paraitinga (31/1/09).

21.1.09

O prenúncio

"Serás o meu amor, serás a minha paz."

http://www.youtube.com/watch?v=b2XHBoQXOFI

14.4.08

Parece clichê


E o sol da liberdade em raios fúlgidos
Brilhou no céu da Pátria nesse instante




Nem precisava dessa trilha sonora, violino. Não precisava de tal ironia.

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte

E o teu futuro espelha essa grandeza

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce

Mas se ergues da justiça a clava forte

Dos filhos deste solo és mãe gentil

Pátria amada, Brasil

24.1.08

Balé




10.9.07

Escravos de Jó



"Eu brinco todo domingo."
Brenda, 11 anos, vendedora de chicletes.

30.8.07

Vaidade nas alturas




17.8.07

Dia de feira























- Vai um sorriso triste aí, dona? Tá a preço de banana...

19.7.07

Auto-retrato








































































Algumas faces.

Trabalho apresentado em 18/7/2007.

13.7.07

Buscando Caminhos

Eis os porquês do nome deste blog. Eis um pouco de minha essência.

Buscando caminhos, encontrei um poema. Literalmente. No cruzamento entre a avenida Paulista e a rua da Consolação. Estava lá, de verdade. Rompeu o asfalto, de verdade. Feia, mas realmente uma flor. E eu também estava lá. De verdade. Sentada no chão. Capturando a poesia. Literalmente. Com uma câmera-para-gravar-matérias-jornalísticas. Talvez a cena tenha rompido o tédio, o nojo, o ódio de alguém passando na rua, no ônibus, na vida. Talvez alguém tenha visto beleza em ver outro alguém extasiado com a beleza da flor feia que rompeu o asfalto. Talvez tenha passado em branco. Não faz mal: branco é invisível mistura de cores.

Foi um instante. De beleza e encantamento. E ouso dizer, de epifania. E uma seqüência de instantes análogos marcou um momento. (Entre matilha e esquadrilha, não encontrei o coletivo de instante; decidi que em minha crônica seria momento). E, envoltas em tal momento, não trabalhamos direito, não estudamos direito. E quando sentamos para conversar sobre isso, passou uma mulher, com uniforme de limpeza, carregando um balão laranja. Como uma menina. Dez da noite. No meio da faculdade. Quase uma fotografia. Eram a beleza e o encantamento, deixando claro que não dariam trégua. Mesmo que conspirássemos contra eles naquela conversa.

E tentamos. Porque o relógio do mundo não parou (previsível, nunca pára). Estávamos assim, meio fora do corpo. Um tanto afastados da superfície. O hemisfério esquerdo do meu cérebro (não do meu peito) sinalizou: "preciso descer". Não, eu não queria. Senti o mundo me puxando. Chorei. Percebi que não precisava de esforço para descer. Precisava de esforço para não descer totalmente. Para não perder as recém-readquiridas anteninhas de percepção da beleza, nem a capacidade de encantar-me com ela.

E há beleza. Disputando espaço com a miséria. De carne e espírito. Com a desigualdade, com a injustiça. Disputando espaço com o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Embora soubesse que não se encaixaria em uma teoria ou equação, tentei racionalizar o momento-clarice. (Entre colméia e alcatéia, não encontrei o coletivo de instante-epifânico; decidi que em minha crônica seria momento-clarice). Dentre algumas hipóteses, pensei que o mundo não nos tem propiciado tempo-espaço para a expressão da subjetividade. Para extravasar o tanto de alma que não cabe no corpo. E eu, que sempre busquei seguir por esse caminho, não sei bem como me perdi em meio à linearidade de uma pseudo-vida não-pseudo-burocrática sem intensidade, sem paixão. Seguindo toda-vida a estrada (de asfalto) em linha reta. E quando encontrei a flor, quando reencontrei a trilha, meu corpo foi atropelado. Por excitação, prazer, êxtase. De alma.

Em tal contexto, as relações entre pessoas que de alguma forma partilharam o momento - ou instantes dele - foram intensas. Expressas em linhas e entrelinhas. Pontos de exclamação, pontos de interrogação, reticências... Divagações, catarses, silêncios. Boas conversas, boas idéias, boas discussões. Algumas não tão boas, mas quase-invariavelmente intensas. E com a auto-censura um tanto distraída, por vezes fiquei desnuda. Sem me corar.

Nesse caminho há aproximação entre vida e arte. Incorporação do lúdico no cotidiano. Livre-expressão. Há paixão, há intensidade. Há flor, há poesia. E há luta. Contra o que no mundo impede a beleza de alcançar plenitude. Contra o que faz dos momentos de deslumbramento com a vida tão raros e efêmeros.

Complementos:

A flor e a náusea - Carlos Drummond de Andrade.
Sonho Impossível - J. Darion / M. Leigh - versão de Chico Buarque e Ruy Guerra para o musical O Homem de La Mancha, de Ruy Guerra.
Telepoemas - vídeo experimental que recebeu menção honrosa no Expocom 2005 - Rio de Janeiro.

24.4.07

Eu também não

.

10.4.07

Minha última definição pública de mim

Gente, mulher, latino-americana, paulistana, suburbana. Espírito cosmopolita, suburbano coração.

Paixões: Muitas. Escrever, fotografar, viajar, cantar. Música, teatro, cinema, mar, livros, sol. Flores, chocolate, vinho quente, cultura popular. Minha caixa de fotografias, minha família inteirinha, meu preto. As mosqueteiras, o grupo teatral AVANTE!, alguns homens e mulheres lutadores que eu conheço. Meus amigos e amigas, nossas conversas, nossos saraus. A beleza e a poesia que resistem no mundo, as pessoas que resistem no mundo etecétera.

20.10.06

Mixaria

- Boa tarde, um real!

Não o vi, apenas ouvi. Será que ele estava vendendo tardes boas ou cobrando pela cordialidade de desejar "boa tarde"?

Fiquei com vontade de comprar. Qualquer opção servia.

6.10.06

CidadeZona

A cidade endurece
..............embrutece
..............emputece

A cidade em si;
a cidade em mim

27.9.06

Pra ver a banda passar. Tocando coisas de amor

.



- Alô!

- Que bom te ouvir sorrindo...

- É que tem uma banda tocando na esquina da Paulista com a Brigadeiro.

- Fui eu que contratei pra te deixar feliz...

(...)

- Ouve!

- ...

- Deu pra ouvir?

- Não. O que eles estão tocando?

- Descobri que te amo demais... Descobri em você minha paz...