29.5.06

...

- Quer um copo d'água?

Ele não entendeu de quê eu precisava.

18.5.06

RetaliAÇÃO



- rado!

SUSpiro.

Um tiro.

No PEITO.

Mais louco é quem me diz...

18 de maio: Dia Nacional da Luta Antimanicomial e aniversário do meu professor.

Contemplando as duas comemorações, apresento uma crônica que se relaciona à luta antimanicomial e foi publicada há mais ou menos um ano na revista Paradoxos, cujo editor-chefe é o aniversariante.

- Quem eu?

- Não, Napoleão.

Por Mariana Raphael

“Louco é o Bush”. Era o que se podia ler em uma faixa segurada por dois usuários de uma instituição especializada em saúde mental. Esta história começa do final; se não estivesse de trás pra frente, o sentido dos dizeres estaria subentendido. Mas faltaria o gancho para esta mais-ou-menos-crônica discutir a loucura da maneira pretendida.

A cena ocorreu em Porto Alegre, durante o V Fórum Social Mundial (onde há quem diga que só tem maluco). Os rapazes que a protagonizaram são repórteres-produtores-locutores do Maluco Beleza, um programa de rádio produzido pelos usuários do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, em Campinas, com o acompanhamento dos jornalistas Rita Hennies e Régis Moreira. A faixa foi o arremate perfeito para a oficina na qual o grupo compartilhou sua experiência com os participantes do Fórum.

“Louco é o Bush”. Será que a hipótese procede? O senhor Buarque de Holanda nos oferece seis sentidos para o verbete "loucura". Considerando o primeiro deles, "insanidade mental", analisemos alguns elementos: uma guerra “preventiva” e uma para caçar invisíveis armas de destruição em massa. É, talvez não seja loucura e sim ambição desenfreada, desgovernada (ou muito bem governada).

Que tal a afirmação de que a democracia será implantada, mesmo que seja à força: paradoxo, arrogância ou pura maluquice? E o investimento em políticas de abstinência sexual no combate à Aids? A não-aderência ao protocolo de Kyoto?

Acho que estamos nos aproximando (quase metodologicamente) da confirmação da hipótese. Consideremos então estes outros possíveis sentidos para o termo "loucura": "falta de discernimento; irreflexão, absurdo, insensatez" e "imprudência". Resta alguma dúvida? Dá pra imaginar Seu George cantando no chuveiro: “Eu juro que é melhó-or não ser um norma-a-a-al se eu posso pensar que Deus sou eu” (os amantes da música brasileira me perdoem, mas não dava pra perder a piada – nem o trocadilho).

Deixando a doidice um pouco de lado... O Maluco Beleza é veiculado uma vez por mês na Rádio Educativa de Campinas. Toda semana o grupo reúne-se para discutir pautas e outras questões relacionadas à sua produção; a programação inclui entrevistas, enquetes, análises de notícias, imitações e músicas. Em 2005, os repórteres fizeram a cobertura do Fórum pela segunda vez, começando o trabalho já na fila de credenciamento de imprensa.

Na oficina, o jornalista Régis explicou que o projeto permite a livre comunicação e expressão de seus participantes, o que auxilia no tratamento (os médicos e psicólogos devem ter uma lista de benefícios terapêuticos a acrescentar). Luciano contou que tem esquizofrenia e que não teve nenhuma crise desde que começou a participar do programa. Resolveu fazer cursinho após dez anos sem estudar e passou no vestibular. Vai cursar jornalismo. Talvez um dia escreva textos litero-jornalísticos malucos como este.

As irônicas brincadeiras envolvendo o conceito de loucura, feitas pelo grupo, não se restringem à (in)sanidade do presidente dos Estados Unidos, nem ao nome do programa e à música do Raul Seixas, que toca na abertura. Algumas são mais sutis, como a autodenominação de Silvana como “loucutora” e de Luciano Lira, como Luciano “Delira”, na simulação ao vivo do Maluco Beleza.

O conceito de loucura poderia ser discutido por toda a eternidade, mas as divagações terminam por aqui, para que se evite um outro sentido da palavra em questão: "tudo que foge às normas, que é fora do comum; grande extravagância". Talvez loucos não sejam Bush e seus amigos. Talvez sejam os que saíram (saem; sairão) de suas casas no mundo todo para protestar contra a guerra, o imperialismo, Bush e seus amigos. Malucos, doidos, pirados talvez sejam o Marquinhos, o seu Sílvio, você. O Francisco, a Silvana, o Luciano, eu. O Aurélio Buarque. Os ouvintes do Maluco Beleza. O Régis, a Rita e o rato que ousou roer a roupa do rei. A Nise da Silveira. Todos que participam do movimento antimanicomial. Os que buscam alternativas, os que questionam. Os que lutam, os que sonham.

16.5.06

Cidade sitiada

Se esses caras fossem socialistas, seria a Revolução.